Este pequeno poema foi composto a partir do encontro com uma carta escrita por meu saudoso pai, Lauro Salles, carta esta datada de 1942, quando ele teria 19 anos de idade. Homenagem então, in memoriam, ao querido médico, professor e poeta.
Liberdade
in memoriam, Lauro Salles.
Disseram-me
certa vez
que
meus versos eram livres de mais,
Não
obedecem à técnica,
De
métricas perfeitas,
Há
fugidio ritmo, disseram.
Temi,
por ser assim em tanta distância de meu pai Homero.
Criador
dos versos mais belos.
Mas
na verdade, o que mais temi,
foi
que tivessem dito também,
Que
eles, versos meus, espelhavam, como francas janelas o fazem,
Minha
alma livre e descompassada.
Minha
alma alegremente desritmada, esconsa...
Obstinada
e fiel à mais pura destinação da liberdade!
Temi
que dissessem que minha alma é livre.
Sim,
livre.
Livre
como os versos que escrevo.