domingo, 16 de setembro de 2012

Liberdade -pai e filho à quatro mãos.




          Este pequeno poema foi composto a partir do encontro com uma carta escrita por meu saudoso pai, Lauro Salles, carta esta datada de 1942, quando ele teria 19 anos de idade. Homenagem então, in memoriam, ao querido médico, professor e poeta.

Liberdade


in memoriam, Lauro Salles.


Disseram-me certa vez
que meus versos eram livres de mais,
Não obedecem à técnica,
De métricas perfeitas,
Há fugidio ritmo, disseram.
Temi, por ser assim em tanta distância de meu pai Homero.
Criador dos versos mais belos.
Mas na verdade, o que mais temi,
foi que tivessem dito também,
Que eles, versos meus, espelhavam, como francas janelas o fazem,
Minha alma livre e descompassada.
Minha alma alegremente desritmada, esconsa...
Obstinada e fiel à mais pura destinação da liberdade!
Temi que dissessem que minha alma é    livre.
Sim, livre.
Livre como os versos que escrevo.